Nando Reis - Drês

Com um nome tanto original e estranho para os ouvidos, Nando Reis e Os Infernasi lançam seu novo albúm. Drês. Não há mudanças drásticas no repertório, nada tão diferente quanto o nome, mas pelo contrário, segue com a inspiração de muitos músicos por aí a fora: o romantismo.

"A pegada mais roqueira de "Drês" já pode ser encontrada na faixa de abertura "Hi, Dri!" - uma das três canções escritas por Nando para a sua ex-namorada, Adriana. Mas, ao mesmo tempo em que o rock come mais solto, a veia romântica também é latente: "Enquanto houver luz os meus olhos / Não vão parar de procurar os olhos seus". A faixa-título também é bem roqueira, com uma sonoridade com ênfase nas guitarras, assim como "Mosaico Abstrato", que possui uma das melhores letras de Nando Reis."

"E como os filhos nunca podem ser esquecidos, depois de Sebastião e Zoe, agora é a vez de Sophia ser homenageada na confessional "Só Pra So" ("Me assusta tão igual que somos / Você costura a minha sombra / Eu só queria nessa vida / Aprender, saber te amar"). Mas a maior presença nesse "Drês" é a de Adriana, e que serve como referência em "Driamante". "Drês" e a já mencionada "Hi, Dri!". A família também comparece em "Conta", que Nando escreveu em homenagem a sua falecida mãe vítima de câncer ("Nesse dia, o dia em que eu perdi minha mãe / Eu me dei conta que eu estava só por minha conta / Mesmo tendo o meu pai, que eu amo / A minha conta não se fecha"), assim como já acontecera em "Meu Aniversário", faixa presente em seu álbum de estreia, "12 de janeiro" (1995)."

"E apesar do tom roqueiro de "Drês" (embora ao final da audição do CD, tal constatação nem seja tão evidente assim), o álbum é encerrado com "Baby, Eu Queria", uma das baladas mais bonitas e pungentes de Nando Reis: "Não quero deixar / Que a tristeza / Inunde o meu coração / Prefiro chorar / Com a certeza / De que essa paixão / Me fez / Um homem melhor / Depois de você". Pois é... Pensando bem, e ainda levando-se em conta o fato de Nando ter sido baixista de uma das maiores bandas de rock do Brasil, "Drês" é apenas Nando Reis em sua essência. E isso já é muito bom."


Segue aqui uma entrevista na íntegra feita pelo pessoal do terra.

Como foi a gravação deste disco?
Meu último CD saiu em 2006 e eu estava louco pra gravar esse disco. Adoro entrar em estúdio e já tinha muitas músicas novas. Já tinha até idéia desse nome Drês para o álbum.

Como surgiu o nome Drês?
Drês é uma fusão da palavra "Dri", minha ex-namorada e "três". Muitas dessas músicas foram feitas para ela. Cheguei a pensar em fazer um disco com uma narrativa dessa história, mas isso acabou perdendo o sentido. As coisas mudaram e eu escolhi as melhores para fazer esse disco. Gosto dessa palavra inventada, enigmática.

De onde veio o peso das guitarras?
Isso se deve muito aos anos de banda com os Infernais. O guitarrista Pontual ser o produtor do disco junto comigo também influenciou. Foi nossa intenção chegar nesta sonoridade e buscar enfatizar diferentes aspectos do nosso vocabulário. Acho que ficou ótimo, é um repertório que permite isso. Há músicas com essa mão mais acentuada e pesada e outras não, com voz e violão.

Para você, essa mistura deu certo?
Faz todo o sentido. Combina. Certas sensações precisam ser expressas de forma urgente. O rock é uma boa escolha.

E a capa do álbum? O coração alfinetado faz parte de todo este conceito?
Quem fez a arte foi o Sesper, que também é músico e toca no Garage Fuzz. A gente conversou, ele ouviu o disco e a gente tabelou. Gosto das pessoas que participam, trabalham em conjunto e mostram sua própria interpretação. Acho perfeita a escolha das cores e essa história do coração perfurado. Fica como um ícone do disco.

Há quem diga que algumas levadas possam lembrar Neil Young. Gosta dessa comparação?
Isso é um tremendo elogio. Sou muito fã dele, mas não ouço discos pra me inspirar. Permanentemente músicas me inspiram, conheço bem o trabalho dele, mas quando saiu o Fork In The Road esse disco já estava gravado.
E a Ana Cañas, como conheceu o trabalho dela?
Conheci a Ana no ano passado quando cantamos juntos. Adorei ela, gostei da voz e do astral.
Seu site está muito bem abastecido, você já lançou o disco digitalmente e tem mexido com algumas ferramentas na internet. A rede é um caminho sem volta?
Sem dúvida. Bons caminhos não têm volta. A gente vai andando até essas encruzilhadas para chegar em outro lugar. Não tem volta mesmo.

E a música brasileira? Gosta dela no geral?
Música brasileira sempre foi rica e teve coisas acontecendo. Não gosto muito de opinar pois tenho uma relação diferente com a música. Sendo músico, eu detesto falar como seu eu tivesse algum tom de autoridade. Eu gosto do que gosto.

O resultado de Drês te agradou?
Eu chapei. Amo o que faço. Quando estou gravando, tento fazer aquilo que sou no mais alto grau da minha contemporaneidade. Adoro gravar discos e tocar na banda. Fico freneticamente ouvindo até que saio para partir para outro ciclo. Tem um certo momento que essa audição já está muito envolvida com a criação. Não fico me admirando, mas eu gosto da música que faço.


Confesso que sou fã! Sou apaixonada pelas letras de suas músicas, que são inspiradoras e parecem ser ter um pedacinho de mim em cada uma. Me identifico bastante. Considero o Nando um poeta :)
Quem quiser acompanhar mais de seu trabalho, tem o
twitter, o site oficial e o flickr contendo fotografias da carreira de Nando.


Nando e seus filhos .

Divulagação do albúm Drês.



Nando - 1975
Nando - 1985